março 22, 2009

Hare Krishna

Ontem, antes de dormir, acendi um incenso indiano, sentei-me para meditar na posição de lótus, no escuro, escutando mantras no player de mp4. A tecnologia nessas horas ajuda, porque a certo momento percebi que não precisava continuar de olhos fechados; lembrei-me da prática de fitar um ponto no horizonte, e o único ponto aceso no escuro de meu quarto à minha frente era o led de stand-by da TV. Pois bem, fiquei olhando para ele, ainda ouvindo os mantras e, aos poucos, ele deixou de ser um ponto circular. Primeiro uma coisa indefinível rascunhada (um Ohm?), depois alguém tocando flauta (Krishna?) e depois ele com uma moça consigo (sua amada?). Quase sem perceber, lágrimas já escorriam de meus olhos.

Eu poderia dizer que custa-me de certa forma admitir a visita de outros panteões de uma forma como a de ontem, mas uma das coisas que estava na última carta que recebi do meu ancestral de Creta foi ele me dizendo: "Tudo o que aparecer nessa trilha é porque é pra ti. A trilha é tua. Não hesite em parar para recolher o que ela te mostra ou traz." Então não tenho rejeitado nenhuma experiência que me eleve o espírito.

Pois bem, algum tempo depois, abri o armário, peguei o banquinho e subi até a prateleira onde estavam antigos livros, acreditando que eu tinha um Bhagavad Gita em algum lugar, mas o que eu encontrei foi algo diferente. Entre outros dois livros (um de filosofia védica e outro de depoimento de um swami), estava um livro específico sobre Krishna, com ele e sua amada na capa, e autografado pelo devoto que me vendeu ele na rodoferroviária de Brasília, a 4 de fevereiro de 2003 (sim, tem certas coisas que eu guardo mesmo). Ainda me lembro dele dizendo que eu me parecia com uma das meninas do retiro deles. Permiti-me começar a ler. E tenho identificado nos textos muita coisa que já tinha conversado com as pessoas sem saber que isso já existia escrito em algum livro de histórias sagradas. Não vou me preocupar com o 'como vou lidar com isso', vou viver meu presente, porque acredito que já sei discernir o que é aproveitável sem ser ofensivo e que já sei entender a diferença entre uma dádiva e uma distração.

A foto da capa é essa ao lado. Tem tanto a flauta quanto Ela...

Um comentário:

  1. O que seria mais ou menos como "todos os caminhos levam a Roma".
    Se for bom para ti, será válido.

    :)

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