julho 24, 2015

Kronos



Na Era de Ouro regida por Cronos e Réia, não havia trabalho laborioso nem opressão, e as pessoas eram imortais. Antes da ordem trazida por Zeus o mundo era caótico. O festival da Krónia, por exemplo, celebra a igualdade e a liberdade irrestrita. Mas Cronos foi atado a Hélio por grilhões de aço. Assim, Cronos representa tanto a longevidade (da idade do Ouro) quanto o sofrimento (do tempo que ceifa). 


A longevidade é parceira do sofrimento. Tudo o que vive, enquanto vive, pode sofrer. Choramos ao nascer, sentimos dor ao envelhecer, ficamos doentes e morremos. Tudo o que se experimenta entre o nascimento e a morte faz parte do tempo, e Cronos sabe o tempo certo de cada coisa. Quando ele ceifa algo, ele pega essa colheita e distribui, seja na mesma vida ou na próxima. Essa distribuição faz parte da igualdade que experimentamos na Krónia, onde escravo e senhor celebram juntos. 

Cronos ensina o desapego e a resignação. Só nos libertamos do sofrimento quanto passamos pelo próprio sofrimento e aprendemos com ele. Só ficamos vacinados contra um vírus quando injetam um projeto de vírus antes na gente. No combate direto é que ficamos imunes. Esse desapego não é só das coisas materiais externas, mas também do nosso próprio corpo. Sofremos para nos desapegar, para percebemos que tudo no mundo é efêmero, e nos libertarmos. Cronos nos ensina a saber renunciar e a morrer para o mundo, só assim nos aproximamos de como se vivia na Idade do Ouro e se tem a longevidade do espírito, da alma, da mente, da consciência, enquanto o físico muda e perece.

Por isso que na Krónia costumamos pedir que Ele nos mostre uma forma de liberdade (seja financeira, de relacionamento, ou em que outra área for) e que nos ajude a sair das adversidades. Não é por carregar a foice que podemos comparar Cronos com a figura da Morte de uma forma negativa, e tomá-lo como alguém a ser temido, com quem não deveríamos mexer. Mesmo os Titãs têm suas funções necessárias à manutenção dos planos dos Destinos e à realização do daimon de cada ser humano. 

Então, um bom festival da Krónia a todos!