"There's no categories, just long stories waiting to be told.
So don't be satisfied when someone sums you up with just one line.
Baby, don't let 'em, don’t let 'em put a name on you."
(Derek Webb)
So don't be satisfied when someone sums you up with just one line.
Baby, don't let 'em, don’t let 'em put a name on you."
(Derek Webb)
[Não há categorias, apenas longas histórias esperando para serem contadas.
Então não se satisfaça quando alguém lhe resumir com uma linha apenas.
Baby, não deixe eles colocarem um nome em você.]
Então não se satisfaça quando alguém lhe resumir com uma linha apenas.
Baby, não deixe eles colocarem um nome em você.]
Muita gente usa 'rótulos' para se auto-definir e para se identificar ao mundo. É ao mesmo tempo uma identidade psíquica e um sentimento social de pertencer a algo, a uma comunidade. Mesmo os que aparentemente são exceção à regra por não serem seres muito sociais, por funcionarem melhor sozinhos do que com outras pessoas, volta e meia vão perceber que é necessário haver uma interação, ainda que esta seja feita virtualmente ou um tanto como se partisse de alguém de fora.
Com relação a religião, vejo muita gente se definindo com 'etiquetas' até contraditórias (vide a 'wicca cristã', só para dar um exemplo). São coisas que provavelmente mais as fariam ser ignoradas por ambos os lados do que aceitas pelos dois. Se alguém gosta de misturar, ser 'mestiço', 'meio-sangue' (rsrsrs), talvez não devesse assumir nenhum dos rótulos afinal. Se bem que eu estou menos preocupada em como as pessoas se chamam (ou me chamam) e mais em como eu vou entendê-las (ou vão me entender).
Nossas diferenças não são algo ruim. Não existe um dualismo tão completamente encaixadinho de bem e mal, certo e errado, nós e eles. As pessoas não chegam às conclusões que chegam sem uma razão. Se a gente se sentar para escutá-las, possivelmente vamos compreender de onde vieram e como chegaram a se colocar onde estão, e é bem capaz de acharmos difícil enquadrá-las em uma palavra. Ainda mais em um país de tantas diversidades como o nosso.
Então eu queria parar de pensar em rótulos tanto para mim quanto para os outros. Só que isso traz alguns problemas. Rótulos são apenas um atalho para um grupo maior de idéias, e retirá-los não retira as idéias. Há diferenças fundamentais em como entendemos a vida e nas bases da nossa compreensão do mundo, e é daí que a interpretação de um rótulo faz brotar um conflito. Mas tirar o rótulo não mudaria muito isso.
A linguagem é uma forma de categorizar a realidade, de dar ordem ao caos. Sem categorias (rótulos) não temos linguagem e sem linguagem não temos como nos comunicar. Quando queremos ser diferentes dos cristãos, não é do rótulo de cristão que desejamos nos afastar, mas das idéias que isso traz e da postura diante da vida que isso implica. E daria mais trabalho explicar todas essas coisas, levaria tempo demais. Sem os rótulos, ficaria difícil separar uma coisa da outra, ficariamos sem um suporte.
Deixar de se definir é como estar sozinho em um deserto, sem saber onde está nem para onde vai, nem quem você vai encontrar no caminho. Há uma grande liberdade nisso, mas ao mesmo tempo é assustador admitir que os muros que te protegeriam não existem, que você não tem um mapa, que não tem acesso às respostas que precisaria e que não tem nenhuma idéia do que vem em seguida.
Mas querem saber? Ando deixando de ter medo do incerto, do futuro, do passado, de onde pisei ou onde vou pisar. Gosto dessa liberdade do presente e de tentar me surpreender com o que vem aparecendo e as paisagens que vão se revelando à medida em que caminho. Isso me lembra, de certa forma, o conceito de 'santosha', o 'contentamento' de aceitar quem você é, onde você está, o que você tem AGORA, e se ater a viver isso da melhor forma que puder.
Não desejo ser uma única expressão, baseada no que fui, no que fiz, no que estudei, no que serei, no que aparento, no que mostro etc. Não é apenas uma dessas partes que vai me nomear, são todas elas e as tantas várias histórias que eu poderia lhes contar; somadas por me fazerem saber o que eu sei, e subtraídas por não fazerem parte do presente que aqui está.
No final, somos apenas parte de uma mesma coisa. E, por mais que nos identifiquemos dentro de um grupo, somos essencialmente sozinhos...
"O que há em um nome? Acaso aquilo que chamamos rosa, se tivesse outro nome,
não exalaria o mesmo perfume?" (Shakespeare, 'Romeu e Julieta')
não exalaria o mesmo perfume?" (Shakespeare, 'Romeu e Julieta')
Por essas e por outras que eu gosto de dizer... eu não tenho um coven... um clã... eu tenho um troço... um conglomerado que funciona...
ResponderExcluirO resto... bom, sou strega por vontade de usar esse nome... Melhor assim, eu acho =)
'um troço' foi ótimo, rsrsrs
ResponderExcluirE eu digo "Eu sou" e nisso mora minha essência e a do meu Clã Familiar :)
ResponderExcluirTalvez tomar consciência, e verbalizar, lhe faz ser.
ResponderExcluirSem a auto-crítica não existe uma verdade... porque se cair na boca do povo você pode ser tudo menos você mesmo... acontece.
Achei muito lindo isso aqui: "E, por mais que nos identifiquemos dentro de um grupo, somos essencialmente sozinhos...". Lindo MESMO!
ResponderExcluirNo início eu me incomodava em não me encontrar em nomezinho nenhum. Depois eu descobri que preferia não ter nenhum nomezinho se eu não me encaixasse nele perfeitamente. Daí, tem uns nomezinhos que, se alguém me põe, eu explico "Não, não sou isso, por causa disso e disso". A alguns outros, digo apenas "se quiser considerar assim tudo bem, mas eu apenas me considero uma pessoa que cultua os deuses da Grécia."
ResponderExcluirMUITO BOM!
ResponderExcluirParabéns!
Bjs!