março 21, 2011

Pandia




Neste pôr-do-sol, além de termos o último dia da Dionísia Urbana, teremos o festival helênico da Pandia, quando honra-se Zeus Pandios (brilhante deus dos céus) e sua filha com Selene (a lua cheia), chamada Pandias ou Pandeia ("Toda-Divina" ou "Toda-Brilhante"). O festival político da Pandia foi estabelecido pelo rei de Atenas, Pandion, mas apenas um demos de Atenas, o Plótheia, o celebrava. O curioso é que encontrei algo mais sobre ele justo em um livro sobre Dionísio em sua relação com a Índia, onde "Pandia" é também o nome de uma dinastia vinda da Lua:

"Segundo o mito cretense, Lampros, esposo de Galatéia, cujos filhos eram bissexuais, era ele mesmo filho de Pandion, descendente das dinastias do Sol e da Lua. O festival ático do Pandia era celebrado com a lua cheia. O festival, cujo nome advinha de Pandion, epônimo da tribo de Pandionis, era em honra a Zeus." (R.F. Willets, Cretan Cults and Festivals, p.178)
Deve-se observar que Pandia é o nome de uma dinastia dravidiana oriunda da Lua que, desde tempos imemoriais, reinou na Índia e que também é mencionada no grande poema épico tâmul, o Shilappadikaram. Os pandavas, filhos de Pandu (o branco), eram membros da dinastia que se opôs aos arianos na guerra do Maabárata.
(Alain Daniélou, Shiva e Dioniso - 'A Religião da Natureza e do Eros', p.30)
Para quem não lembra ou não leu o Mahabharata hindu, os Pandavas lutavam contra os Kauravas, o que muitos estudiosos interpretam simbolicamente como as virtudes enfrentando os vícios. Outros dirão que os Pandavas representam o Dharma - o caminho da justiça, que se parece com a realização do nosso daimon - e os Kauravas sendo o Adharma - tudo aquilo que impede os humanos de alcançar o divino, o sagrado.

Nós podemos pensar nessa união do Sol com a Lua como uma união de opostos que traz o equilíbrio. As virtudes, para os gregos, eram exatamente esse meio termo entre dois vícios. Por exemplo, a virtude da paciência seria o equilíbrio entre o extremo do "pavio-curto" e o extremo da leniência (quando se permite/aceita tudo), os quais seriam vícios. Por conta disso, há muito mais vícios do que virtudes, assim como no Mahabharata encontramos cem Kauravas para apenas cinco Pandavas. Também podemos pensar que as virtudes nos aproximam dos deuses, da Toda-Divina, enquanto os vícios vão nos impossibilitando de alcançar esse divino.

Fica, então, a sugestão para - durante tal festival - refletirmos sobre como vencermos nossos vícios e nos aproximarmos do sagrado.

4 comentários:

  1. Nossa, que lindo!
    Ando impressionado coma similaridade entre Grécia e Índia, nunca imaginei que rolasse tanto...

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  2. Show, Álex!... Simplismente lindo!...
    Bjão, =)

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  3. Oi Álex, passa lá no Blog e receba o selo que lhe enviei!

    http://deluxeeddition.blogspot.com/2011/03/selo-iluminador.html

    Beijos!

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