maio 15, 2012

Até os contos de fadas são helenos

Duas traduções em uma, a primeira de uma notícia recente em grego e a segunda da wiki em inglês:

Chapeuzinho Vermelho tem 2.600 anos e... é grega!
Antropólogos e biólogos uniram forças para decidir a origem dos contos de fadas e focaram a atenção nas variações transferidas de uma cultura para outra. Branca de Neve e os Sete Anões, Cinderela, e principalmente Chapeuzinho Vermelho e outros heróis da infância atraíram e mantiveram a atenção dos cientistas sobre eles.

A conclusão, que veio de um extenso processo, é de que cada parte do enredo vem de uma fonte comum e única.

O Dr Jamie Tehrani, antropólogo da Universidade Durham, e sua equipe cuidadosamente examinaram 35 versões conhecidas da Chapeuzinho Vermelho. A narrativa europeia apresenta o relato de uma menininha, cujo lobo mau se disfarça como sua vovó favorita e tenta lhe fazer mal. Os chineses trocam o animal perigoso e astucioso para um imenso tigre. No Irã, por causa do preconceito religioso, o caso é estrelado por um menininho.

Então, ao contrário da visão de que o conto que acompanha os pequeninos em todas suas refeições infantis surgiu no século XVII, Dr Tehrani argumenta fortemente que todas essas mudanças tem um ancestral comum de mais de 2.600 anos.

"Na época, os famosos e amados contos de fadas se tornaram algo como um corpo humano. O relato mais antigo encontramos nas fábulos de Esopo, de 6 séculos AEC. Temos certeza de que em algum lugar jaz a razão para esse ancestral supostamente descender de 'O Lobo e as crianças'."

De acordo com a pesquisa, então, o tataravô de Chapeuzinho Vermelho foram todos os contos de Esopo!

Quem era Esopo?

Esopo era um antigo contador de histórias grego, um dos principais a "ensinar mitologia". As evidências anedóticas sobre sua vida não são nada práticas e muitos ainda duvidam de sua existência. Os mitos eram sempre orais, então nem mesmo se salvou um registro escrito deles. Esopo apareceu no século VI AEC e provavelmente nasceu de uma família de escravos em 625 AEC na Frígia. Sua morte provavelmente foi em Delfos, quando em 560 AEC foi enviado para lá pelo Rei Croesus para consultar um oráculo. Ele teria sido acusado de heresia e sentenciado à morte, sendo destruído no topo do monte Parnaso.

Os contos de fadas armazenados em nossos cérebros...

O professor alemão da Universidade de Minnesota Tzak Zipes, que devotou muito de sua vida procurando a origem dos contos de fadas que fascinaram todas as crianças a despeito de raça, religião e origem, fala sobre a excelente qualidade dessa pesquisa: "Acho que todos esses contos podem ajudar os pais a entender como explicar o risco e o aumento dos atos de violência. É claro que as adaptações são diretamente relacionadas ao nosso meio-ambiente. Por essa razão, toda a informação é transferida de geração a geração e armazenada em nossos cérebros. Dessa forma, os mitos de Esospo, que 'viajaram' pelo mundo e foram adaptados às épocas modernas, ainda estão entre nós! "
(Fonte: http://www.thebest.gr/news/index/viewStory/12343225/04/2012, tradução da Álex)


Cinderela também é grega
"Rhodopis" (Ροδώπις) é a versão antiga e original do conto da Cinderela. Registrada pela primeira vez no século I AEC pelo historiador grego Strabo, ela é considerada o mais antigo relato de Cinderela.

# Enredo:
Rhodopis (a "de bochechas rosadas"), uma escrava grega, trabalha na casa de seu mestre egípcio. Embora gentil, seu mestre mais velho passa a maior parte do tempo dormindo, e - portanto - não fica sabendo do tratamento ríspido dado à escrava pelas mãos de suas outras servas. Por Rhodopis ser bela e estrangeira, as outras caçoam dela e lhe dão ordens pela casa.
Depois de seu mestre ver Rhodopis dançando habilmente sozinha, ele lhe dá um par de sandálias trançadas de rosas. As outras servas ficam ressentidas desse tratamento dele e tratam Rhodopis de forma mais severa do que antes.
Um dia, o faraó Ahmose II convida o povo do Egito a uma celebração no rio Mênfis (Memphis). As outras servas impedem Rhodopis de ir com elas, dando-lhe uma longa lista de tarefas para completar.
Enquanto ela está à beira do rio lavando roupa, suas sandálias se molham e ela as coloca ao sol para secar. De repente, o falcão Hórus se arremete abaixo, agarra uma das sandálias, e voa com ela.
Rhodopis guarda a outra sandália em suas vestes.
Durante a celebração no Mênfis, o falcão solta a sandália no colo do faraó. Percebendo que era um sinal de Hórus, ele decreta que todas as donzelas do reino devem experimentar a sandália, e que ele se casará com aquela cujo pé couber nela.
A busca do faraó pela dona da sandália o leva até a casa de Rhodopis. Embora ela esteja cavalgando quando vê o barco do faraó, ele a vê e pede a ela para experimentar a sandália. Depois de demonstrar que cabe nela, ela puxa o outro lado do par, e o faraó declara que se casará com ela.
Esopo tem uma breve menção nesse relato. Quando ela era uma escrava antes de ir para um lar egípcio, Rhodopis teria conhecido Esopo, que lhe contou muitas histórias.

# Contexto histórico:
O geógrafo grego Strabo (64/63 AEC a +/- 24 EC) foi o primeiro que relatou o conto da garota greco-egípcia Rhodopis, considerado como a primeira variante do conto de Cinderela. Outro relato de Rhodopis sobreviveu nas escritas do autor romano Aeliano (175 - +/- 235 EC), mostrando que o tema de Cinderela continuou conhecido pela antiguidade. Talvez as origens da figura desse conto de fadas pode ser traçada a uma cortesã trácia de verdade, Rhodopis, que viveu na época do faraó Amasis (570-536 AEC) e conheceu o antigo contador de histórias Esopo. Rhodopis é também a esposa do épico Asam, que morreu e ressuscitou e recebeu uma nova esposa chamada Rhodopa.
(Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Rhodopis, tradução da Álex)

[Imagem]: pintura em prato grego de 490-480 AEC


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